terça-feira, 31 de julho de 2012
O prazer da dor
Há algo de tão prazeroso na dor
que muitos ousam amá-la. Sentir, fazer sentir... Seja como for, incuti-las,
mesmo que momentaneamente, pode ser perigosamente delicioso. Como aquela ferida
que quanto mais você mexe, mais você quer mexer... E não permite que se feche,
pois a cada vez que seu corpo tenta fazê-lo você remexe, proíbe, impede. Talvez
sangre, talvez se abra mais, ou talvez nunca cicatrize. Simplesmente não te
importa, pois o essencial é manter a dor junto de ti, a uma distância
minimamente confortável. É como aquele perdão que você não consegue dar, pois a
cada vez que a pessoa se aproxima da redenção sua memória é forçada por ti a
relembrar tudo de ruim que a pessoa lhe fez; você sente prazer ao tortura-la
com erros passados, mesmo alegando que lhe doi – o que não é mentira, mas
consequência. É também como a tristeza iminente numa pessoa que tem uma vida
estável, na medida do possível: possui tudo que lhe é necessário, desde pessoas
a necessidades básicas à sobrevivência. E, por incrível que pareça,
manifesta-se o prazer no sofrimento por outrem; namorado, amigo, familiar, ex-qualquer-coisa,
e por aí vai... Alegar incapacidade de esquecer a pessoa em questão é deixar
implícita sua falta de vontade de “tirar” a tal de sua vida, como se o
sentimento por ela fosse mais forte do que você, o que é mentir pra si mesmo. São
apenas alguns dos inúmeros casos onde o prazer da dor impera, mesmo que
inconscientemente. Ah, essa tortura irrefreável... E a dor, que antes lhe
parecia tão ruim, te toma intensa e lhe afaga o rosto imperceptivelmente
sorridente.
sábado, 2 de junho de 2012
Digo sim às cotas raciais e sociais, e você?
Cotas sociais e raciais: tema
polêmico desde a sua criação. Polêmico por ser interpretado de duas formas
completamente opostas. Quem as defende, geralmente argumenta que é o meio mais
eficaz de se conseguir que uma quantidade maior de pessoas negras e/ou oriundas
de colégio público ingresse no ensino superior. Quem as condena, vai mais pela
vertente de que todos deveriam competir de forma igualitária e que cota não
passa de um meio que o governo encontrou para mascarar a péssima educação
pública. Na minha opinião, há um pouco dos dois.
Bom, muitas pessoas falam sobre
esse assunto sem um conhecimento mais aprofundado, sem saber como se deu seu
início e acabam interpretando de maneira superficial. As cotas foram criadas
com o intuito de serem provisórias, ou seja, para ajudar os menos favorecidos
apenas por um determinado prazo. Daí vem um cara e pergunta: “Mas por que
negros? Não existem inúmeros brancos pobres? Isso é preconceito!”. Meu caro,
não é bem por aí... Tudo bem, existem muitos brancos pobres. Entretanto, a
maioria esmagadora da população pobre é negra e/ou mestiça! E a causa é bem
evidente, para qualquer pessoa com o mínimo de conhecimento histórico. Os
negros foram muito explorados no passado; sempre tratados como coisa, como
escravos, como subalternos... Óbvio que suas gerações subsequentes seriam pobres,
já que foi muito difícil que o negro conseguisse ser visto como igual – o que
chega a ser absurdamente ridículo. Então foi dada uma oportunidade aos negros e
mestiços de ingressarem em universidades através de cotas, já que são
descendentes de um povo tão sofrido e repugnado. O mesmo ocorreu com os índios,
hoje praticamente extintos da sociedade. Por isso também há uma cota separada
para índios.
Outro argumento muito utilizado:
“É tudo uma questão de esforço. Depende mais do estudante do que da escola na
qual ele estuda. Logo, não deve-se dar vantagem só porque ele vem de
instituição pública”. Esse é muito falado, inclusive, pelos estudantes de
colégio particular, que se sentem “ameaçados” por esse sistema. O que penso sobre isso é que, claro, depende
muito do estudante. Mas vestibular não é somente esforço: é preparo, é
conhecimento aprofundado sobre certos assuntos (quem já prestou vestibular sabe
bem do que falo). Tanto que inúmeros estudantes de colégio particular também
estão recorrendo aos cursos pré-vestibulares, pois nem seus colégios estão
preparando o suficiente. Vejamos um exemplo: um rapaz esforçadíssimo de um
colégio público vai prestar vestibular neste ano. Ele estuda em casa, presta atenção
nas aulas e faz as lições, mas não tem dinheiro pra pagar um curso
preparatório. Em contrapartida, existe um rapaz também esforçadíssimo de um
colégio particular que vai prestar vestibular neste ano. Estuda em casa, faz
tudo certinho... Porém seu colégio possui mais recursos: dá aulas extras, faz
simulados e se aprofunda mais nos assuntos. Pagando ou não um cursinho, este
rapaz está óbvia e claramente mais preparado que o outro, não? O outro, que
enfrenta diversas dificuldades... Greves e paralisações todos os anos,
professores mal preparados ou simplesmente desenganados, poucos recursos no
colégio... Se mal há as aulas diárias, quem dirá aulas extras e simulados!
Perante tal fato, quem possui mais chances de passar no vestibular? Se eles
concorressem à mesma vaga, me diga, quem você acha que a ganharia? Creio que nem preciso pôr meu palpite aqui.
Por fim, o tal do “o governo
permitiu as cotas para mascarar a péssima qualidade do ensino público”. Isto é
verdade, eu concordo. Mas a proposta das cotas, como já mencionei, foi ajudar
os menos beneficiados de maneira provisória. O ensino público está
evidentemente catastrófico, péssimo. Então decidiu-se que era necessário que se
desse um “empurrãozinho” aos estudantes mais pobres que almejam ascender socialmente
e não conseguem devido às dificuldades. Daí, neste meio tempo, o governo
deveria investir na educação visando melhorá-la para que após uns anos os
jovens do ensino público pudessem estudar de forma digna e competir com os
jovens de colégios particulares de forma igualitária, mais justa. Esta parte é
que claramente está difícil de acontecer, já que tudo que o governo não quer é
que a qualidade de ensino melhore (se é que posso usar a palavra melhorar...).
Então, o que os políticos provavelmente farão é tornar as cotas um meio
permanente mesmo, para fingir que os menos favorecidos estão conseguindo se
igualar aos demais no quesito educação.
Então, fica aqui minha
consideração final: as cotas foram criadas para ajudar, mas o governo vai
utilizar a seu favor. Como já declarei em um post mais antigo, os políticos
detestam que as pessoas possuam boa educação, principalmente os pobres: esse é
o meio mais descarado e eficaz de se manter no poder. Não sou contra as cotas,
pois as vejo como sinal de necessidade, não de incapacidade. Mas também não sou
a favor delas para sempre, que é o que está mais provável de acontecer... O
recado é apenas para pararem de falar sem saber, porque se reivindicarem o fim
das cotas e ele chegar, aí sim é que os pobres não terão chance alguma contra
os poderosos.
segunda-feira, 30 de abril de 2012
Carta à falsa moralidade
Sim, a vocês, falsos moralistas. Discursos bonitos, oratória perfeita de um mundo perfeito. Isto se chama nada mais nada menos que utopia! Fingir idealizar, pregar melhoras... Ora, há de começar por si mesmo. Por sua falta de caráter que se mostra a cada vez que o que você pensa conflita com o que você diz. A cada vez que o que você faz diverge do que você diz ser correto. Hipocrisia é mandar um político à merda e ser tão corrupto quanto; não com dinheiro público, mas sendo desonesto nas mais diversas situações cotidianas. Hipocrisia é falar da sujeira das ruas e ser o primeiro a jogar um papel qualquer no chão. Hipocrisia é julgar os outros e fazer a mesma coisa – ou pior. Ninguém é santo, ninguém é tão correto, até porque isto não passa de questão de opinião. Hoje em dia é tudo relativo, até mesmo o tal “certo e errado”. A própria moral é relativa... Cada cultura vê a moralidade em coisas diferentes. No seu âmago você deseja as coisas mais “imorais” e aponta o dedo para o primeiro que comete traição. Ser humano é estar na condição da imperfeição! Estou bebendo um drinque e brindando à você, que só olha para o próprio umbigo. À você que diz que beleza não importa mas ri da primeira garota linda que passa de mãos dadas com uma pessoa feia segundo os
Referência musical: http://letras.terra.com.br/paramore/1483885/traducao.html
domingo, 11 de março de 2012
Tempo, querido tempo
"Por seres tão inventivo e pareceres contínuo...Tempo tempo tempo tempo, és um dos deuses mais lindos... Tempo tempo tempo tempo..."
É assim que começo o texto de hoje, já evidenciando qual o assunto em pauta: o tempo. E um pouco da novela "A vida da gente" com seus exemplos. Então, não sou "ligada" em novelas, nem assisto mais há muito tempo, e com essa que acabou há uns dias não foi diferente. Vi alguns capítulos aleatórios, quando não tinha ocupação, e ouvia comentários sobre o triângulo polêmico que se formou na trama. Até uma amiga minha comentar sobre o último capítulo dizendo que gostou muito. Ela é uma ótima crítica, então levei sua opinião em consideração e resolvi assistir pra ver se curtia. Não deu outra: o final realmente me emocionou, fiquei admirada com alguns diálogos e constatações sobre os protagonistas e sobre o tempo.
Como todos devem saber, a Ana e o Rodrigo se amavam desde a infância, e após ela entrar em coma ele se envolveu com a irmã de Ana, criando a filha que tiveram com sua nova amada. Quando Ana acorda do coma, de repente Rodrigo se vê confuso entre voltar a viver o passado de toda a sua vida antes do coma da garota, ou viver o presente com a garota que passou a amar. O amor entre Ana e Rodrigo sempre havia sido complicado, e nunca lhes permitiram viver juntos, o que os mantinha num sofrimento, presos numa história inacabada. Enquanto com Manuela ele pôde ser feliz, embora sempre assombrado pelo "fantasma" de Ana.
Toda essa situação me fez pensar em como isso acontecia, e que era mais comum do que se imagina existirem Rodrigos, Anas e Manuelas na vida real. Não na mesma situação, claro, mas em conflitos parecidos. O que acontece é que somos acomodados. Sim, nos acostumamos tanto com as coisas que quando entramos em terreno desconhecido ficamos com saudade do terreno antigo e já tão aconchegante. Falando em relacionamentos amorosos, especificamente, é bastante frequente: muitas vezes você não sente falta da pessoa em si, e sim das ligações que ela fazia só pra te desejar "boa noite" ou perguntar como foi seu dia, dos lugares que vocês costumavam ir juntos, das mensagens, conversas, risos, etc... Porque no fim de um relacionamento você normalmente se sente sozinho, sem ninguém pra suprir a falta das coisas que você era acostumado a fazer e ter. Então você se sente preso à pessoa, mais por medo do novo do que por saudade. É natural, está na condição de ser humano. Aí vem o tempo, o sábio senhor que tem o poder de curar tudo... Remediar ou simplesmente cicatrizar.
Me ocorre que essa prisão que construímos para nós mesmos seja ruim, porque nos torna tão relutantes que às vezes nos priva do melhor. É bem aquela coisa do "há males que vêm para bem", e nos custa acreditar. No momento parece que nosso mundo vai cair, que vamos morrer... Mas as novas experiências nos mostram que se aconteceu foi porque era pra ser, e que precisávamos passar por tudo aquilo pra perceber que podíamos ter mais... Que podíamos ser mais! Fica claro isso nos textos que Ana e Rodrigo redigiram um para o outro. Eles relembraram a infância e adolescência juntos, todo aquele intenso amor que viveram, e assumiram que se amariam para sempre; mas não do mesmo jeito, não o mesmo amor. A prisão havia acabado, eles haviam se resolvido, e agora estariam livres pra viver outra história, amar outra pessoa por inteiro. Sem mais confusões, sem mais sofrimento, sem mais peso do que o passado trazia consigo.
No início da novela eu achei que um amor de tanto tempo tinha que permanecer até o fim, e em quase todas as novelas que assisti almejava que isso ocorresse. Mas de uns tempos pra cá me parece que os autores estão acabando com a história do "era uma vez (...) felizes para sempre" e colocando os mocinhos pra finalizar a trama com outro amor. Algumas ficam meio sem sentido, mas nessa fez todo o sentido. E como minha amiga disse, seria contraditório eles pregarem na novela que o tempo passa e as coisas mudam e não mudar nada entre o casal principal.
A verdade é que existem sim amores que duram uma vida inteira, apesar de ser raro... Mas existem também amores que acabam, ou que simplesmente mudam de jeito, não deixando de ser amor. E nem por todas as mudanças esse sentimento deixa de ser tão nobre e bonito. A vida segue, o tempo passa... Não importa se você está seguindo junto com ela ou não. No decorrer do seu caminho, você perderá pessoas, conhecerá outras, amará e talvez odiará quem amou. Perderá coisas, ganhará outras. Hesitará entre continuar caminhando ou voltar. É assim mesmo. O mundo dá voltas, as coisas mudam. E nada permanecerá do jeito que você deixou... Nada.
sexta-feira, 2 de março de 2012
Embriaguez de ti
Teus olhos me enlaçavam, me fixavam de um jeito... Nunca tinha sentido isso antes. Era como uma droga surtindo efeito. Eu simplesmente não conseguia te negar nada, estava num êxtase absoluto e inegável. O mais estranho de tudo era eu me sentir bem com isso. Que mágica fizestes em mim? Deveria me contar. Senta aqui, e explica-me essa confusão que é você. Diz-me por que pronuncia palavras incertas de forma tão segura. E por que eu fico tão presa nessa tua inconstância, me sentindo contraditoriamente segura. Teus braços me consolam, trazendo uma paz que outrora era utopia. Anda, vem cá. Me tira desse transe, ou me diz como sair dele. Ensina-me como curar isso, um antídoto desse teu veneno poderoso ao qual não consigo resistir. Nos meus pensamentos parecias tão mais frágil... Eu conseguia me desvencilhar de tuas mãos macias e fortes. E quando ousei abrir os olhos, já estava lá, novamente, completamente entregue a ti. Os pensamentos diziam “Não”, mas os olhos diziam “Sim”. O coração pulsava acelerado, as mãos o seguravam como que para não sair do lugar. Não adiantaria tentar fugir, você sempre iria me alcançar. Tolice minha. Então você me puxa forte, e teus lábios encontram os meus. E eu esqueço todos os devaneios, todas as relutâncias, e sou sua outra vez...
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- Lua (:
- Capricorniana, 19 anos, um tanto tímida porém de personalidade forte. Tem pés no chão e paradoxalmente idealiza o mundo e tem um tanto de fé nas pessoas. Adora admirar as coisas simples, e as valoriza muito mais do que as coisas "compradas". É apaixonada pela escrita e não poupa palavras para dar sua opinião. Acredita que palavras têm um poder imensurável; acredita também que pode trazer, assim, um pouco de felicidade às pessoas. Sonhos? Possui muitos, e tenta realizá-los. Dá tudo por seus amigos, luta por sonhos alheios também. Seu grande sonho profissional é cursar psicologia - profissão pela qual é apaixonada desde criança; outros sonhos seus são conhecer os amigos virtuais e viajar pelo mundo. Preza a sinceridade e a generosidade. Gosta de estudar, conhecer, ver. Se sensibiliza com histórias espontâneas, dramáticas e que possuam essência. A magia de um conto, de uma música, lhe dá arrepio. Ah, e tem uma paixão forte por retratar vidas alheias, seja como prosa, seja como poesia.
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Escrever é como uma necessidade, para mim. É um sonho particular levar alegria ou algo de bom para as pessoas. Aqui consigo expressá-los poetica ou até mesmo grosseiramente, mas tudo isso tem um propósito. O que eu desejo é que as pessoas se conscientizem das coisas e que não percam a fé umas nas outras... Tento trazer paz, tento trazer amor, além de reflexão; aqui mesmo, neste cantinho! Pode parecer inútil, mas já é uma grande coisa. Entre, fique à vontade para ler, curtir, criticar e se expressar!
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