sábado, 2 de junho de 2012

Digo sim às cotas raciais e sociais, e você?


Cotas sociais e raciais: tema polêmico desde a sua criação. Polêmico por ser interpretado de duas formas completamente opostas. Quem as defende, geralmente argumenta que é o meio mais eficaz de se conseguir que uma quantidade maior de pessoas negras e/ou oriundas de colégio público ingresse no ensino superior. Quem as condena, vai mais pela vertente de que todos deveriam competir de forma igualitária e que cota não passa de um meio que o governo encontrou para mascarar a péssima educação pública. Na minha opinião, há um pouco dos dois.
Bom, muitas pessoas falam sobre esse assunto sem um conhecimento mais aprofundado, sem saber como se deu seu início e acabam interpretando de maneira superficial. As cotas foram criadas com o intuito de serem provisórias, ou seja, para ajudar os menos favorecidos apenas por um determinado prazo. Daí vem um cara e pergunta: “Mas por que negros? Não existem inúmeros brancos pobres? Isso é preconceito!”. Meu caro, não é bem por aí... Tudo bem, existem muitos brancos pobres. Entretanto, a maioria esmagadora da população pobre é negra e/ou mestiça! E a causa é bem evidente, para qualquer pessoa com o mínimo de conhecimento histórico. Os negros foram muito explorados no passado; sempre tratados como coisa, como escravos, como subalternos... Óbvio que suas gerações subsequentes seriam pobres, já que foi muito difícil que o negro conseguisse ser visto como igual – o que chega a ser absurdamente ridículo. Então foi dada uma oportunidade aos negros e mestiços de ingressarem em universidades através de cotas, já que são descendentes de um povo tão sofrido e repugnado. O mesmo ocorreu com os índios, hoje praticamente extintos da sociedade. Por isso também há uma cota separada para índios.
Outro argumento muito utilizado: “É tudo uma questão de esforço. Depende mais do estudante do que da escola na qual ele estuda. Logo, não deve-se dar vantagem só porque ele vem de instituição pública”. Esse é muito falado, inclusive, pelos estudantes de colégio particular, que se sentem “ameaçados” por esse sistema.  O que penso sobre isso é que, claro, depende muito do estudante. Mas vestibular não é somente esforço: é preparo, é conhecimento aprofundado sobre certos assuntos (quem já prestou vestibular sabe bem do que falo). Tanto que inúmeros estudantes de colégio particular também estão recorrendo aos cursos pré-vestibulares, pois nem seus colégios estão preparando o suficiente. Vejamos um exemplo: um rapaz esforçadíssimo de um colégio público vai prestar vestibular neste ano. Ele estuda em casa, presta atenção nas aulas e faz as lições, mas não tem dinheiro pra pagar um curso preparatório. Em contrapartida, existe um rapaz também esforçadíssimo de um colégio particular que vai prestar vestibular neste ano. Estuda em casa, faz tudo certinho... Porém seu colégio possui mais recursos: dá aulas extras, faz simulados e se aprofunda mais nos assuntos. Pagando ou não um cursinho, este rapaz está óbvia e claramente mais preparado que o outro, não? O outro, que enfrenta diversas dificuldades... Greves e paralisações todos os anos, professores mal preparados ou simplesmente desenganados, poucos recursos no colégio... Se mal há as aulas diárias, quem dirá aulas extras e simulados! Perante tal fato, quem possui mais chances de passar no vestibular? Se eles concorressem à mesma vaga, me diga, quem você acha que a ganharia?  Creio que nem preciso pôr meu palpite aqui.
Por fim, o tal do “o governo permitiu as cotas para mascarar a péssima qualidade do ensino público”. Isto é verdade, eu concordo. Mas a proposta das cotas, como já mencionei, foi ajudar os menos beneficiados de maneira provisória. O ensino público está evidentemente catastrófico, péssimo. Então decidiu-se que era necessário que se desse um “empurrãozinho” aos estudantes mais pobres que almejam ascender socialmente e não conseguem devido às dificuldades. Daí, neste meio tempo, o governo deveria investir na educação visando melhorá-la para que após uns anos os jovens do ensino público pudessem estudar de forma digna e competir com os jovens de colégios particulares de forma igualitária, mais justa. Esta parte é que claramente está difícil de acontecer, já que tudo que o governo não quer é que a qualidade de ensino melhore (se é que posso usar a palavra melhorar...). Então, o que os políticos provavelmente farão é tornar as cotas um meio permanente mesmo, para fingir que os menos favorecidos estão conseguindo se igualar aos demais no quesito educação.
Então, fica aqui minha consideração final: as cotas foram criadas para ajudar, mas o governo vai utilizar a seu favor. Como já declarei em um post mais antigo, os políticos detestam que as pessoas possuam boa educação, principalmente os pobres: esse é o meio mais descarado e eficaz de se manter no poder. Não sou contra as cotas, pois as vejo como sinal de necessidade, não de incapacidade. Mas também não sou a favor delas para sempre, que é o que está mais provável de acontecer... O recado é apenas para pararem de falar sem saber, porque se reivindicarem o fim das cotas e ele chegar, aí sim é que os pobres não terão chance alguma contra os poderosos. 

1 comentários:

Anônimo disse...

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Capricorniana, 19 anos, um tanto tímida porém de personalidade forte. Tem pés no chão e paradoxalmente idealiza o mundo e tem um tanto de fé nas pessoas. Adora admirar as coisas simples, e as valoriza muito mais do que as coisas "compradas". É apaixonada pela escrita e não poupa palavras para dar sua opinião. Acredita que palavras têm um poder imensurável; acredita também que pode trazer, assim, um pouco de felicidade às pessoas. Sonhos? Possui muitos, e tenta realizá-los. Dá tudo por seus amigos, luta por sonhos alheios também. Seu grande sonho profissional é cursar psicologia - profissão pela qual é apaixonada desde criança; outros sonhos seus são conhecer os amigos virtuais e viajar pelo mundo. Preza a sinceridade e a generosidade. Gosta de estudar, conhecer, ver. Se sensibiliza com histórias espontâneas, dramáticas e que possuam essência. A magia de um conto, de uma música, lhe dá arrepio. Ah, e tem uma paixão forte por retratar vidas alheias, seja como prosa, seja como poesia.
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